Muitas vezes pensamos nas garantias apenas como uma solução secundária, uma possível solução que ninguém deseja acessar. Mas o gerenciamento das garantias está ligado diretamente à geração de novas operações de crédito e liquidez da carteira, englobando uma série de fatores como: qualidade das garantias, acompanhamento quanto ao valor e qualidade ao longo do tempo, e prosseguimento num caso de execução de uma garantia.

As garantias são instrumentos que visam dar segurança na concessão de crédito. No caso do não pagamento, ou da não conformidade com as obrigações do contrato do empréstimo, as garantias ficam passíveis de execução e, assim, o credor espera recuperar os valores empregados no contrato de crédito.

O Banco Central do Brasil tem sempre buscado adequar as regras locais que regulam as instituições financeiras às recomendações internacionais editadas nos acordos da Basileia e, vem emitindo circulares e normas que visam considerar alguns tipos de garantia como mitigadores de risco para fins de cálculo de capital requerido. Com isso visa a diminuição da taxa de juros oferecida, uma vez que permite aos bancos alocar menos capital em cada empréstimo, desde que estes tenham as garantias e sigam as exigências do Bacen.

Para cada tipo de garantia, há uma série de exigências que devem ser satisfeitas para completa aceitação, tanto no início quanto durante toda a vida do crédito. Os acordos da Basileia mencionam ainda que o acompanhamento preciso e detalhado das garantias, assim como a comunicação interna rápida quanto as mudanças e as ações tomadas nestes casos, são fatores preponderantes na qualidade das instituições financeiras.

A IMPORTÂNCIA DE GERENCIAR AS GARANTIAS

O gerenciamento das garantias começa na elaboração de condições para aceitação das garantias. Um conjunto de informações que estão ligados às garantias, ao cliente e à modalidade de empréstimo, formam uma matriz que deve ser elaborada e seguida a cada nova operação.

Esta matriz tem que ser constantemente avaliada em conjunto pelas áreas de tesouraria, análise de crédito, e principalmente pelo gestor de garantias. Cada um destes tem seus interesses próprios. Mas todos cuidam da matriz pensando em ocorrências que podem ocorrer no futuro.

Para isto, deve-se observar se a matriz possui os tipos de garantias permitidos pelo Bacen, e dentro de cada um dos tipos, observar as condições de cada um. Por exemplo, há regras que regem, no caso de colateral financeiro, os fatores redutores de risco, seguindo informações como emissor, prazo e moeda de emissão.

Em geral, os analistas de crédito observam a liquidez das garantias, ou seja, a capacidade de converte-las em dinheiro para sanar a dívida não paga com a maior brevidade possível. Também observam itens que estão envolvidos diretamente com cada tipo de garantia, como nos casos das garantias Fidejussórias. Para estas garantias, é importante observar a capacidade de pagamento dos garantidores, sua reputação no mercado e outros fatores, como se, por exemplo, o garantidor possui algum tipo de restrição.

No caso de garantias que possuem datas de vencimento, ou condições para renovações periódicas, estas são geridas pela equipe de gestão de garantias. O gestor da garantia inclusive tem a responsabilidade de comunicar casos de impossibilidade de condições de renovação e/ ou possível inadimplência da operação. Outro item que é importante gerir, e que é feito em conjunto entre as áreas de análise de crédito e de gestão de garantias, é o acompanhamento das garantias fidejussórias. Como se tratam de garantias pessoais ou corporativas, é importante acompanhar periodicamente a condição destes garantidores.

A SUBSTITUIÇÃO DE GARANTIAS REQUER CAUTELA

É importante ter profundo conhecimento dos processos de formalização, para que a instituição financeira não libere uma garantia sem que outra já esteja totalmente formalizada em nome do credor. Neste processo deve observar-se os valores e as distintas valorizações entre as garantias.

Quando falamos de um ativo financeiro é mais fácil, pois em geral, este fica sob a custódia de um terceiro, quando não com o próprio credor. Mas quando falamos de um bem como um veículo ou de um imóvel, há os trâmites para a posse, pagamentos de despesas do antigo proprietário, contratação de profissionais para a administração, leiloeiros, manutenções, e tudo isto deve ser computado no custo desta garantia.

O gestor de garantias deve ainda manter um sistema que contenha todas estas informações mencionadas acima. E por se tratar de informações tão estratégicas, estes sistemas devem ter segurança, segregação de funções, alçadas e rastreabilidade como pontos chaves. Não podemos deixar de mencionar que a gestão das garantias deve posicionar periodicamente a contabilidade para que haja controle em nível de balanço, reportes legais e para emissão de relatórios e informações para auditorias.

GESTÃO DE GARANTIAS: IMPRESCINDÍVEL PARA SOBREVIVÊNCIA NO MERCADO ATUAL

Atualmente quem for capaz de gerir melhor e de forma mais eficaz suas garantias sairá na frente; neste ponto, uma solução capaz de executar o gerenciamento de garantias se torna um grande aliado para auxiliar não só na questão de produtividade, como conferir mais segurança nas operações.

Rodrigo Botas

Product & Innovation Director

Sopra Banking Software